CAA E AUTISMO

Imagem arquivo pessoal.

2 de abril

Escrito pela mãe e fonoaudióloga Patricia Coutinho.

Meu nome é Patricia e tenho quatro filhos: Lucas, Pedro, Gabriel e Maria. Pepeu e Gabi foram diagnosticados aos dois anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde então, foram tantas intervenções e tratamentos que buscamos, que certamente eu me esqueceria de alguma se fosse aqui elencar. Entretanto, dentre tantas escolhas, uma eu nunca vou me esquecer e sempre vou dar destaque na nossa história: a escolha (tardia, confesso) de começar com a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) com os meus filhos aos quatro anos de idade.

Naquela época – 13 anos atrás – as informações sobre CAA eram muito escassas e contraditórias, alguns profissionais indicavam, mas muitos nem a conheciam. Muitas eram minhas inseguranças e dúvidas. Eu não conhecia nenhuma família que utilizava um sistema e pudesse me falar sobre os seus benefícios. Fiquei com muito medo de introduzir a CAA e meus filhos nunca falarem por uma escolha minha. Também achava que eles não tinham a capacidade de entender os desenhos dos pictogramas porque eram muito “abstratos”. E, nesse processo, somente após um ano refletindo, superei os meus conflitos e começamos a CAA com meus filhos. E foi a melhor decisão de todas!

Após tantas expectativas frustradas no processo de tratamento do TEA, finalmente tínhamos acertado. Comportamentos chamados como “inadequados” diminuíram sensivelmente, birras “desapareceram” e, o mais importante: um sorriso lindo de:“mãe agora consigo dizer o que eu quero”, surgiu nos rostinhos de meus filhos. Tudo mudou para melhor naquela época. Impossível expressar o que eu senti quando comecei a entender os desejos deles através de trocas de figuras! E, a felicidade indescritível quando algum tempo depois, surgiram as primeiras palavrinhas.

Mas como nem tudo acontece como planejado, quando meus filhos começaram a falar pequenas frases, recebi a orientação  (equivocada, mas comum na época) de que não era mais necessário utilizar CAA, porque eles já estavam falando. Depois disso, o desenvolvimento da linguagem de meus filhos diminuiu sensivelmente, sendo que até hoje, mesmo com a reintrodução da CAA, os prejuízos são indiscutíveis. Essa foi uma decisão que me arrependo, mas que não me desanimou; sigo presumindo sempre o potencial deles, validando e, festejando, toda e qualquer forma de comunicação!

E, com esse relato busco incentivar e alertar a todos os pais ou profissionais que tenham filhos ou pacientes com qualquer dificuldade de comunicação, a começar o quanto antes com a CAA, porque essa foi a minha melhor escolha até os dias de hoje!

Todos merecem ser ouvidos e compreendidos, e um sistema de CAA personalizado é um recurso poderoso para atingir esse direito, ainda que o indivíduo já tenha o recurso da fala. Por experiência própria, não superestimem a fala, o desenvolvimento da linguagem é um processo muito mais complexo. Busquem e defendam o direito dos seus filhos ou pacientes de serem ouvidos em todos os sentidos, em todos os lugares e com todos ao seu redor. E, nessa busca, não duvidem: a CAA é o recurso que mais vai ajudá-los!

Esse texto foi escrito pela mãe e fonoaudióloga Patricia Coutinho, para o projeto “CAA e o mês da Conscientização” da Associação Comunicatea®.

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